9 de março de 2014

O roubo das fitas VHS

Tomando café nesse domingo de manhã, enquanto o preto do café e o branco do leite se misturavam num redemoinho, retrocedi a dez anos atrás e lembrei de um fato acontecido em 2004, enquanto fui estagiário da TV TEM de Bauru.

Estagiário do Cedoc (Centro de documentação) dividia a sala com uma bibliotecária, responsável pelo setor: Eliana Katia Pupim, espero que você leia esse texto. Minha rotina, além das decupagens, incluia a gravação dos jornais numa fita VHS.

Era um trabalho bem mecânico. Era época de carnaval e a bibliotecária pegou uns dias de folga. Fiquei sozinho no recinto. Costumava checar tudo antes, inclusive as fitas, para não correr riscos. E eis que faltavam as fitas VHS no armário. Tinha somente uma, que utilizei naquele dia. Katia não havia deixado as fitas para gravação, era sábado e o almoxarifado só abriria na próxima segunda. Fui obrigado a descer a rua e comprar uma fita com meu dinheiro (depois eles ressarcem, pensei) e peguei uma fita velha que tinha o filme do karatê kid gravado, desmagnetizei e utilizei para gravar o programa.

Quando kátia voltou, a primeira coisa que me indagou foi: Cadê as fitas VHS? Expliquei a ela que, ao sair de folga, ela não havia deixado fitas, expliquei que comprei e utilizei uma minha pessoal, e desci ao almoxarifado na segunda-feira e pedi algumas pra poder gravar. Mas estagiário é espécie inferior, afinal você está recebendo um favor estando ali, não é mesmo? Kátia pôs-se a fazer um discurso, dizendo que as fitas estavam sumindo e que a partir daquele momento eu estaria proibido de solicitar fitas ao almoxarifado e insinuou que teria pegado algumas para mim.

Virei ladrão. Furtei as fitas. Não tive o valor da fita que comprei ressarcido, perdi a gravação do Karatê kid e ainda fui chamado de ladrão.

O café perdeu um pouco do gosto, lembranças ruins amargam. Não sei porque lembrei desse fato. Talvez para dizer o quanto é ruim ser acusado por algo que não fez. Hoje tenho os três filmes originais do Karatê Kid, e uma sensação ruim em relação ao trabalho em televisão. É preciso ter cuidado nos julgamentos, Eliana Kátia Pupim, loira, cabelo cacheado, quase 1.80 de altura, hoje deve ter 41 anos e espero que menos ignorância na cabeça.

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