Aos queridos amigos do Pet Care
Está um dia ensolarado e
encontrei muitos amiguinhos aqui. Já corri, já brinquei, já rolei na grama. É
tudo muito bonito. Aqui tem pássaros, tem gatos, e até elefantes.
Há onze anos eu era novinho,
tinha um ano. Passeando na rua, vi uma senhora e foi paixão a primeira vista.
Pulei no colo dela, e ela me adotou. Meu pai antigo era médico e não tinha
tempo para mim. Meus irmãos humanos também eram novos e não sabiam brincar, e
às vezes eu saia machucado. Quando conheci meu novo pai, olhei nos olhos dele e
ele me olhou estranho. Não parava de me olhar. Passou a mão na minha cabeça e
me deu um cafuné, e senti que ele me protegeria de tudo. Ele costumava dizer
que deixei de ser nobre para virar plebeu, mas que eu seria o cãozinho mais
feliz do mundo.
Um dia, senti uma dorzinha e meu
pai todo preocupado correu comigo ao hospital. Era um hospital bem grande e
bonito. Um doutor de óculos chamado Carlos me atendeu. Escutou meu coração,
pediu exames e avisou algo para meu pai que ficou com o olhar muito preocupado.
Voltei para casa e dias depois fiquei muito mal, não respirava direito e ele me
levou de novo onde fiquei internado por alguns dias. Dr Carlos cuidou bem de
mim, e conheci uma outra Doutora que ficou comigo na internação, a Doutora
Jakeline. Quando recebi alta, ouvi uma doutora japonesa chamada Cybele, dizer
que meu pai deveria me dar soro dali em diante, ela foi muito legal e o ensinou
a aplicar.
Eu fiquei bem durante muitos anos
e sempre ia visitar os doutores. Conheci a doutora Renata, a doutora Nil, a
doutora Fernanda e tantos outros que iam me visitar e dar remedinho. Fiz
amizade com as meninas da recepção, que viviam me abraçando, fiz amizade com os
enfermeiros e até com os rapazes do estacionamento, que faziam carinho em mim.
Acho que se acostumaram comigo, pois nunca escutei tanta gente dizendo “Oi
Max”.
Mas eu sabia que tinha uma missão
a cumprir. A minha mãe estava bem doente e passou alguns dias no hospital. Ela
passou por muitas cirurgias e sabia que deveria estar sempre do ladinho dela,
protegendo e acompanhando.
Com o tempo, os passeios ficaram
mais curtos, comecei a dormir mais e a me sentir mais cansado. Já não era mais
novinho como antes. Via meu pai com o olhar preocupado e chorando às vezes. Ele
me abraçava, me beijava e não parava de dizer que me amava.
Um dia fingi que estava dormindo
e escutei o Dr. Carlos falando da cadelinha dele. Do quanto ele amava a sua filhinha peluda e assim como eu,
também ficou doentinha. Depois ouvi a Dra Jakeline falando da gatinha dela, de
como também ela ficou doentinha, do amor que tinha, e compreendi que todos nós
passamos por isso. Meu pai me contou depois, que além dos cientistas que são os
veterinários, o que se esconde dentro dos jalecos brancos era tão importante
quanto a ciência. O lado humano de se preocupar, de conversar e compartilhar
coisas tão pessoais. E me disse que essas coisas estão dentro do coração.
O tempo passou e senti que já não
tinha mais vontade de comer, nem beber, nem brincar. Um anjo apareceu avisando
que logo iria me levar com ele para um lugar bonito, onde não sentiria mais
dor, mas fiquei muito preocupado com a
minha mãe, meu pai e todos que me amavam. Sabia que não seria fácil me
despedir. E um dia fiquei muito doente, meu pai acordou e correu comigo. Já
sabia que aquele dia eu partiria para um lugar junto aos meus amiguinhos
peludos.
Recebi a visita da minha família,
todos me beijaram me abraçaram e à noite queria me despedir pela última vez do
meu pai, que cuidou de mim esse tempo todo. Fiz um pensamento positivo e ele
sentiu, e saiu correndo que nem um doido mesmo sabendo que talvez não
conseguisse me ver. Mas eu sabia que aquele doutor bacana chamado André
deixaria ele me dar um oizinho. E Foi com três palavras que meu pai se despediu
de mim: “Papai te ama”. Pouco tempo depois senti um sono muito profundo, fechei
os olhos, o anjo disse para eu não ter medo, e quando abri, vi uma labradora e
uma gatinha me chamando para brincar junto com eles.
De cima de uma nuvem, vi meu pai
chorando muito. Vi ele me colocando num lugarzinho bem legal com uma plaquinha
que tinha meu nome. Ele deixou comigo também um cordãozinho de São Francisco de
Assis que costumava usar e falou que era
pra entregar a ele quando viesse morar comigo nessa nova casa. Ele também ficou
com um cordãozinho meu e disse que colocará no meu pescocinho quando nos
encontrarmos novamente.
Ele vai ficar bem com o tempo, e
me disse que sentirá uma gratidão eterna a todos vocês que sempre estiveram ao
nosso lado. Ele disse que vocês são pessoas especiais destinadas a ajudar
animaizinhos como eu. Agora ele vai cuidar da nossa mãe e se Deus quiser, dar
um pedacinho dele pra ela viver melhor. Esperarei ansioso pelo nosso reencontro
e também vou lamber a bochecha de todos vocês quando também nos reencontrarmos.
Agora preciso ir, porque meus
amiguinhos querem brincar e eu adoro rolar na grama.
Obrigado por tudo, queridos
amigos, vocês são fantásticos! Amo todos vocês. Cuidem daqueles que ficaram com
muito amor e carinho. Uma lambeijoka,
Max
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