1 de maio de 2012

Amigos

Recebi esse texto de um grande amigo, durante um papo sobre reflexões dos sentimentos amorosos humanos.

***






Homem e mulher podem ser amigos? Teoricamente, sim. Quantas vezes se precisa de alguém para conversar sobre o namorado, e nessa hora só um amigo – um grande amigo – para explicar como são os homens, esses seres tão difíceis de entender.

Várias coisas a gente já sabe, mas o que deixa qualquer mulher perplexa é que, mesmo nos amando perdidamente, eles não podem ver um rabo de saia sem fazer uma profunda avaliação do assunto, dos pés à cabeça. Tudo bem – que jeito?-, mas será que não dá para disfarçar? Não, não dá; disfarçando perde a graça, e como não se pode viver sem eles, o remédio é se fingir de cega. E é aí que um grande amigo pode ajudar mostrando que não é só “ele” que é assim: são todos, de todos os países, de todas as galáxias, de todos os tempos e esses procedimentos não querem dizer nada nem têm conseqüência. A gente acredita- ou finge, pelo menos.

 
Um amigo pode sempre nos dar grandes dicas sobre a maneira certa de agir com o namorado e pode também explicar a razão pela qual, depois de passar a noite de sábado inteira dizendo – com palavras e atos – que te ama acima de tudo, no domingo ele larga você e vai ao futebol. Ter um amigo homem é uma coisa preciosa. Quando você está sozinha, ele te leva às festas e lá dentro cada um cuida da sua vida sem nenhuma obrigação de voltarem para casa juntos. Se for muito amigo, pode até, em caso de necessidade, abraçar você fingindo que estão apaixonados e vivendo um grande amor. Quantas vezes não se sonha com isso quando o ex entra com outra?

 
Um grande amigo pode ser de grande ajuda revelando como você fica mais bonita, quando deve endurecer o jogo, o momento exato de dizer sim e sobretudo se deve ou não telefonar. Ele leva você para jantar fora, ao cinema e a um show, bem melhor do que ir com um bando de amigas. Em casos de desespero, dá para passar o Natal com a família dele... e até tomar emprestado o ombro quando a barra pesa demais, com direito a um carinho na cabeça. Um amigo assim, como diz a canção, é para se guardar do lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves. Ele está sempre à disposição, e você cega se perguntar por que ele não arranja uma namorada, mas nunca houve intimidade para essas conversas. Aliás entre vocês sempre existiu um certo pudor, cuja razão você nunca entendeu nem procurou entender.

Mas um dia ele conta que está namorando uma moça especial e quer que você a conheça. Sem direito algum, mas amparada na indiscutível lógica feminina, você se irrita, mas age como se estivesse tudo bem. Saem os três para jantar. Além de achar a moça uma débil mental, tem o pior: o casal deixa você primeiro, e adeus àquele último drinque em casa para abrir o coração com o amigo.

No dia seguinte, ele pergunta o que você achou dela. Era melhor não ter perguntado: você diz horrores da moça, que não fez nada, a não ser namorar o seu amigo. Ele te ouve com bom humor e, depois da quarta margherita, terminam onde? Num motel, claro, onde ele confessa que é apaixonado por você há anos, o que você – seja sincera- adorou ouvir. E assim caminha a humanidade.

Danusa Leão.

***

2 comentários:

  1. muito bom!... embora eu tenha alguns bons amigos e, no geral, goste das namoradas deles...

    ResponderExcluir
  2. Esse texto é bem curioso e ao mesmo tempo traz grandes verdades. Muitos homens são apaixonados por suas amigas, mas a tal da "friendzone" atrapalha demais e o individuo acaba por sabotar seus sentimentos. Quando o cara vira amifo da mulher, ela o enxerga como tal, tirando toda a potencialidade de um romance. Ela passa a não enxergá-lo como um "homem". Já o homem enxerga na sua amiga a potencialidade de um futuro romance, de que ela seja uma futura namorada. Curioso não?

    ResponderExcluir