22 de fevereiro de 2011

O sonho de um palhaço



Esta noite tive um sonho, um sonho que me deu pistas. Eu vestido de palhaço correndo atrás da estrada de paralelepípedo, e a bifurcação dizendo: esquerda ou direita?

***

Sol a pino, a estrada parecia não ter fim. Estava decidido a encontrá-la, mas o cansaço físico e mental me atrapalhavam. No meio do caminho, resolvi parar debaixo da sombra de uma árvore, quando me perguntaram:

_Até quando?

Levei um susto e levantei de sopetão:

_Quem está ai?

Olhei por todos os lados e não vi ninguém. Novamente a voz me indagou:

_Não seja tolo. Você não vai conseguir.

Parado no meio da estrada olhei e não vi ninguém. Julguei ser uma alucinação da minha cabeça, quando percebi que a voz que escutava vinha do arbusto.

_Hei palhaço, aqui. Sou eu que voz fala.

Olhei para o arbusto de forma curiosa e melindrosa, quando o vi se mexendo. Me aproximei para ter a certeza de que não era um devaneio meu, quando levei uma folhada na cara.

_Por quê você fez isso? indaguei.

_Pra você acordar, desista. Disse-me o arbusto.

_E porque eu deveria desistir?

_Ora oras, o amor é para os tolos. Eu sei quem você procura. Ela só vive em você e desconhece a sua existência. Desiste tolo.

Ainda escutando o arbusto e sem que me desse tempo de responder, ele disse:

_Você é teimoso, muito teimoso. Leve esta corneta, você vai se lembrar de mim. Boa sorte.

O arbusto se recolheu. O que um palhaço faria com uma corneta velha e enferrujada?


***

Acordei com o trilintar do despertador, eram oito horas da manhã. Fui caminhar, pois estava muito quente, o Sol a pino. No meio do caminho me deparei com uma bifurcação, uma pra esquerda, a outra para a direita. Ambas dariam no mesmo lugar. Uma tinha um caminho mais longo, mas era mais agradável, com bastante árvores e sombra. A outra era mais curta, sem a sombra das árvores. Resolvi ir pela esquerda, que era o caminho mais longo, para fugir do Sol. No meio do caminho, um palhaço com uma corneta fazia graça na rua. Parecia uma coincidência incomum, pois aquela cena me parecia bastante famíliar. O palhaço se aproximou e me deu uma cornetada.

"Você vai se lembrar de mim". Recordei do sonho estranho que tive dias atrás, num diálogo com o arbusto. "Você vai se lembrar de mim, você vai se lembrar de mim, você vai se lembrar de mim."

O palhaço se afastou, fazendo graça com sua corneta para os outros transeuntes.

Continuei caminhando, e no fim da rua me deparei com uma imponente construção clássica de amarelo ocre que me levou à lembranças passadas. Era o antigo colégio onde vi, pela primeira vez, Beatriz. E sem querer, descobri a resposta que procurava, o principio era a estrada correta que me levaria ao seu encontro.

***



Um comentário:

  1. sonhos estranhos acontecem.... mais estranho quando coisas estranham acontecem... mas acontecem... que estranho

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