Vocês se lembram daquela moça nipônica, ou melhor, com traços orientais que comentei uns posts atrás? Que numa freada brusca voou um bilhete de amor que parou sobre os meus pés?
Ontem não choveu, apesar do céu noturno estar com cara de chuva. Às vezes não levo minha mala, pois pela manhã a tendência da volta é pegar o ônibus lotado e vira e mexe minha mala fica presa na porta ou entre os passageiros. Mas ontem eu estava armado: mala, guarda chuva, livro debaixo do braço, casaco, estava parecendo um soldado indo pra guerra preparado para todas as adversidades temporais.
O ônibus parecia vazio, parado no terminal. Adentrei e me dirigi ao fundo e me deparei com a moça mestiça (ela é mestiça) e que estava sentada numa daquelas poltronas individuais. Sentei-me do outro lado, na outra poltrona individual e abri o livro para ler. No livro que lia, o personagem fitava uma fotografia, admirando o rosto de Lavínia.
Olhei para o lado algumas vezes para observá-la e ela estava muito quieta, com o rosto virado para a janela. Pelo material que carregava, deduz-se que seja uma universitária. Estava vestindo calças pretas, scarpin pretos e um sobretudo bege. O ônibus saiu do terminal com dez minutos de antecedência e enquanto eu lia fitei-a novamente. Pude ver o reflexo do seu rosto através do vidro e seu semblante era de melancolia. Ela permaneceu assim por todo o trajeto, até a minha descida, na avenida paulista, próximo ao paraíso.
Ao descer, parei no ponto de ônibus para pegar o Sacomã e não pude deixar de olhar mais uma vez o seu semblante através do vidro, seu rosto recostado na janela, com os olhos fixos e melancólicos. Seu rosto é bonito, com maçãs salientes, olhos puxados e melancólicos e pude compreender Cauby ao admirar o rosto de Lavínia.
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Ronaaaaaldo quando eu aprender a desenhar vou fazer historias ilustradas das suas historias!
ResponderExcluirPor que vc não tenta? Mas eu escolho a historia pode ser? tem uma que vc não conhece.
ResponderExcluirbonito.
ResponderExcluirObrigado Lu
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