7 de maio de 2010

À Deriva


O que sou eu sem ti, senão um vulto

Que surge e desaparece na escuridão

Como linha torta, na paisagem morta

No oscilar do pensamento

Um fio de vida, perdido na solidão



E finges que me ignoras

E, como espectro de mim, espero

Vagando pelas sombras

Escondido nas noites

Sem o que mais quero



E teu silêncio continua como pesadelo

Fere minha alma como invasor

Me desaloja de meu sonho torto

Dele me expulsa e me põe à deriva

Como barco que não chega ao porto



E no meu vagar, a dor não é menor

Da saudade fria, da realidade crua

Sinto teu sangue em minhas veias

A correr, dilacerando a carne

No sangrar que em mim se perpetua



E por mais voltas que eu der, faço-me inerte

Não há, para mim, lugar seguro sem ti

Por isso, fico imóvel, calado, parado

Conto nuvens, estrelas, constelações

Tua ausência é como flecha

Lançada em nossos corações
 
poema autoria de: Paulo Gondim



2 comentários:

  1. creio que sempre, pois nem sempre a luz que o farol nos dá, nos guia pro lugar correto. Bonito o poema né?

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